26 de outubro de 2009

Fim de percurso

As portas abrem-se. As portas fecham-se. É tarde de mais para voltar atrás e sair. Tenho que continuar. É esta a nossa viagem.
O único lugar que me ousaram guardar, é à tua frente. Não posso fazer nada. Arrisco. Sento-me.
Durante o pequeno trajecto tento desviar a conversa e não estar atenta a ti. Tento eu mesma estar só atenta ao resto das coisas. Não, a ti não.
Pára. As portas abrem-se. Ainda não é esta a nossa paragem. As portas fecham-se.
Tornou-se agora difícil, mais difícil, não estar atenta a ti. Já não tenho companhia de banco, e estás tão perto.
Continuamos. Chegamos. As portas abrem-se. Saímos agora. As portas fecham-se.
Segues o teu rumo, e eu perco-te de vista. Mas tu ainda me vês.
À minha frente desviam-se pelo mesmo caminho os habituais miúdos, como outrora fui. Sou capaz de me rir baixinho pela conversa deles, mas continuo.
A minha mãe arrisca limpar o chão, das beatas que caem da janela.
Entro em casa. E penso.
Hoje, é a única coisa que te consigo dizer...


1 comentário:

jo disse...

as portas abrem-se e fecham-se, mas mesmo assim, nos tentamos abrir as que se fecham e fechar as que se abrem. é inevitável, tal como a lei do amor.
escreves maravilhosamente.