19 de dezembro de 2009

Antepassados

Tenho pensado tanto nisto. Foste, quando eu ainda nem sequer te conhecia, quando eu não conhecia sequer parte de ti. Lembro-me apenas de dizeres, muitas e diversas vezes, "quero partir". E foste, foste assim... Eu fiquei aqui, e o tempo não volta mesmo atrás.
Lembro-me de ti, apenas como quem lembra um minuto de uma vida. Nunca te mostraste.
E porque é que te trato por tu? Oitenta anos de diferença, Deus... Uma vida, que eu nem cheguei a conhecer. Lembro-me de ti, e lembrar-te-ei sempre. Lembro-me dos teus olhos, verdes, quase a fechar de vez. Lembro-me assim, aos poucos. Só assim.
Um dia eu sei, estaremos de mãos dadas, e tu mostrar-me-ás esse mundo onde vives agora, de uma ponta à outra, até que me deixes de novo.
Gostava que me tivesses contado todas as tuas histórias, todos os teus amores, e todas as tuas aventuras. Gostava que me pudesses ter dito tudo isto, e que não tivesse de ser eu a descobrir tudo com as minhas mãos.
Gostava que me pudesses ter dito que num futuro próximo iria ser impossível ser-se feliz.
Ainda te recordo, aos poucos. A tua vida mal vivida, a tua infância perdida e tua morte, repentina.
E prometo-te, Lembrar-me-ei sempre. Lembrar-me-ei sempre. Lembrar-te-ei sempre... "avó"





Quanto ao resto, parece que sou a única com sentimentos por estes lados...
E quanto ao outro resto, tenho andado a contar o tempo que olhas para mim. Já devemos ter uns 10 minutos, ao todo. Estranho, não ?


3 comentários:

Anónimo disse...

Está lindo :o <3

Inês p. disse...

Eu também, e tu sabe-lo.

Carolina disse...

Gostei deste.