16 de dezembro de 2009

Sombras dos nossos monstros

Apetece-me dizer coisas sem sentido, com menos sentido ainda que o habitual.
Apetece-me, simplesmente apetece-me tudo. E quem me dera a mim, como nunca o fiz, tirar uma fotografia às sombras do passado, que me seguem assim, sem eu dar por elas sequer. Segue-me tudo, ainda, e acredito que tu ainda o faças, também, mas de longe. E é por isso que nunca nos cruzamos assim. Estás sempre atrás, escondes-te sempre quando eu dou meia volta, mesmo para que eu não te veja a relembrares o teu passado. Tu não queres, simplesmente não queres que ninguém saiba que ainda o recordas, apesar de o fazeres dessa tua tal forma, como sempre, orgulhosa. Uma forma quase ou tão orgulhosa como tu.
Hoje sei. Ficaste derrotado com tudo o que aconteceu. No entanto, tudo isto foi apenas um ponto no livro da tua vida. No meu, será toda a história. Tu serás a única personagem, e eu serei apenas uma sombra com quem um dia, na tua simples e inocente doença, ousaste fazer tudo e mais-que-tudo, sem olhares para a frente.
Hoje sei. Já nada é assim. Hoje lembro. Hoje relembro tudo com um enorme sorriso, ao mesmo tempo que lágrimas imunes e salgadas fazem questão de surgir, aos poucos e poucos. Já não é de mim. Acho que me tornei numa outra criatura agora, pior ainda que aquela que era anteriormente, num passado tão recente. Mas tu não sabes nem sonhas desta minha pequena e inocente transformação.
Hoje lembro e relembro que só tu sabias o estranho animal que existia dentro de mim. Relembro que prometeste guardar segredo para sempre, das minhas transformações todos os dias quando acordava. Tornava-se tão difícil quando te via logo de manhã. Apesar de tentares com que tudo parecesse muito mais fácil e simples, parecia que não vinha de mim, nem de nós.
Eu ainda te tenho, recente, e hoje o meu olhar cruzou-se com o teu, uns meros segundos. Guardei isso, guardei isso duas vezes, para que nunca te esqueças, mesmo que não seja isto que realmente queres. Assim eu poderei passar os dados para ti, quando voltares, num futuro próximo.
Ainda sinto borboletas na barriga...




3 comentários:

Anónimo disse...

No entanto, tudo isto foi apenas um ponto no livro da tua vida. No meu, será toda a história.
É uma pena que sejamos tratadas como algo secundário para alguém, quando essa mesma pessoa significa tudo (ou quase tudo) para nós...
Adorei. Vou seguir-te. ;)

Anónimo disse...

ó querida, gostei tanto :) (L)

Inês (?) disse...

Encontrei-me nas tuas palavras .