17 de janeiro de 2010

Salto

O metro atrasa-se, e com ele, o meu hipotético salto, como Peter Pan.
Obrigam-me, ao mesmo tempo que que me sufocam, a respirar mais uns meros segundos.
Mas por estes lados, tudo isto já tinha sido anunciado há algum tempo, tempo suficiente para vires até aqui e ouvires todas estas mulheres gritarem, para veres os seus gritos irem até ao fim do túnel e voltarem, e daí irem novamente. Tempo suficiente para juntares todas as cinzas de tudo o que queimaste, uma e outra vez, certo de que nada restaria.
O metro, o mesmo que ficou tão famoso pela sua naturalidade Britânica, decidiu por ele dar-te tempo para vires e me veres assim, novamente. E como hoje marcamos o tempo...
O meu hipotético nome já está marcado em todos os jornais, de uma maneira suavemente estranha. E sem qualquer ligação, o meu sangue ficou azul de segurar todas as noites o nosso amuleto.
Os pequenos pedaços do meu corpo vão restando aos poucos, densamente... E daí surge a minha fúnebre passadeira vermelha. Vês? Parte do meu sonho realizou-se.
Agora as luzes aproximam-se e os segundos tornam-se cada vez mais escassos, como nós. São assim.
Este é o meu hipotético salto. E tu estás bem perto. Atrás, tão perto.
Dás-me a mão. Se é isso que penso, que comigo... Arriscas ?





(Não conseguia ficar afastada disto mais tempo. Tentei. Desculpa.)

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